Sobre como meditar

Poema por Jack Kerouac. Traduzido por Otávio Moraes.

Jack Kerouac é umas das principais referencias da geração beat. Seus versos e sua prosa conjugam o jazz e o zen rompendo a noção de fragmento ou divisória. O mundo de Kerouac é de incessante movimento, abismal alegria e paulatina tragicidade. O autor de On the road é indubitavelmente uma das grandes vozes da língua inglesa e a juventude de seus escritos não envelheceu sequer um palmo.


-Luzes apagadas-

 

caio, mãos entrelaçadas, em um instantâneo

êxtase, como uma dose de heroína ou morfina,

a glândula dentro do meu cérebro descarregando

o bom belo fluído (Fluído Sagrado) enquanto

eu passo e junto todo meu corpo

até o ponto-morto do transe – curando

todas minhas doenças – apagando tudo – nem

sequer um retalho de “Eu-espero-que-você” ou

algum fio solto, só a mente

em branco, serena, esvaziada de pensamento.

Quando um pensamento chega nascente de longe com

sua firme-frente de forma, de imagem, você ginga ele para fora,

você goza ele para fora, você o engana, e ele some,

e o pensamento não chega nunca – e com prazer você percebe pela primeira vez

“O pensar é tal qual o não pensar –

Então eu não preciso pensar

nunca

mais “


 

 

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1 comentário em “Sobre como meditar”

  1. Que bom, Otávio, termos este poema do Kerouak traduzido. Ele de fato demarcou com sua literatura toda a sensação de liberdade e ao mesmo tempo de trágica solidão que perpassa a psique americana.
    Que venham outros!

    Responder

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