Por Marcelo Bamonte e Otávio James
“Tomando a autocrítica como aliada, mas sem abrir mão de nenhum de nossos princípios, nem manchar desnecessariamente nossa trajetória como desejam a todo custo os liberais e os oportunistas, o presente artigo se propõe adentrar no cerne dos entreveros atravancados pelas tentativas de ampliar a discussão da obra de Domenico Losurdo no país e suas duras e incontornáveis críticas ao liberalismo, que acabam, ruinosamente, desaguando em um improdutivo debate em torno da figura de Stalin, utilizado pela hagiografia liberal para blindar-se de sua participação na barbárie colonial.”
A esquerda revolucionária brasileira passa por um momento de reconstrução. O processo, dentro de sua complexidade teórica e prática, reacende discussões que, antes muito importantes, acabam perdendo de foco o seu valor teórico quanto a análise de conjuntura atual, sendo então, de maneira gradual, colocadas em um campo de debates que giram em torno da moral, história e processos das experiências socialistas ao longo dos anos, não sendo consideradas discussões urgentes. Um dos seus principais, alavancado mais por parte da esquerda liberal e da direita, envolve Iosef Stalin, o revolucionário georgiano. Retomam-se, de início, os dizeres de Marx e Engels, que acertam quando afirmam:
Realmente, toda nova classe que toma o lugar de outra que dominava anteriormente é obrigada, para atingir seus fins, a apresentar seu interesse como o interesse comum de todos os membros da sociedade, quer dizer, expresso de forma ideal: é obrigada a dar às suas ideias a forma da universalidade, a apresentá-las como as únicas racionais, universalmente válidas. (MARX; ENGELS, 2007, p. 43)
A história do movimento comunista passa longe de se resumir à figura do ex-dirigente da URSS, mas seu retorno aos holofotes não deve ser pautado pela ideologia dominante, mas por um denso e árduo balanço histórico do período de sua atuação. Dentro da realidade concreta, é dever do movimento comunista não só reivindicar as figuras que ajudaram a construir um movimento emancipatório, mas também de, baseado nas contribuições históricas dos mais diversos camaradas, adequar ao seu entorno o melhor do que foi deixado dos acúmulos de ordem teórica e prática por eles.
“Então que se façam os acordos para atingir os objetivos práticos do movimento, mas não se permitam o tráfico com os princípios nem se façam concessões teóricas” (LÊNIN, 2020, p. 39). Tomando a autocrítica como aliada, mas sem abrir mão de nenhum de nossos princípios, nem manchar desnecessariamente nossa trajetória como desejam a todo custo os liberais e os oportunistas, o presente artigo se propõe adentrar no cerne dos entreveros atravancados pelas tentativas de ampliar a discussão da obra de Domenico Losurdo no país e suas duras e incontornáveis críticas ao liberalismo, que acabam, ruinosamente, desaguando em um improdutivo debate em torno da figura de Stalin, utilizado pela hagiografia liberal para blindar-se de sua participação na barbárie colonial. Dizia Césaire (1978, p. 13) que “uma civilização que se revela incapaz de resolver os problemas que seu funcionamento suscita, é uma civilização decadente”. É contra a decadência da nossa civilização que devemos nos posicionar.
A oposição se lança à crítica do revolucionário com o intuito de criar um véu moral que, quando aplicado à discussão política, anula e busca excluir a esquerda revolucionária como alternativa política, sustentando a argumentação de equivalência do georgiano a figuras e ideologias inimigas da classe trabalhadora, inclusive da própria União Soviética. Diante do espantalho, reduz-se o debate meramente à perspectiva de que a construção da história se deu na chave de uma contraposição binária entre capitalismo e comunismo, onde o socialismo real seria a epítome da barbárie, assim como os movimentos anticoloniais, enquanto os esforços pela manutenção da acumulação em escala global e da exploração do capital, dissimulados como luta pela democracia como valor universal, seriam a salvação para a humanidade. Afinal, se o “intervencionismo democrático” é estabelecido como busca da liberdade, os anti-imperialistas, comunistas ou não, são acusados, não de lutar por sua liberdade, mas contra ela.
Portanto, esse artigo tem como escopo trazer uma modesta introdução ao debate sobre a figura de Stalin que não caia no vício da autofobia, mas que, de mesma forma, está distante do que se possa chamar de apologia stalinista ou justificacionismo. A partir do melhor do ferramental teórico e metodológico fornecido pela tradição marxista, a assinalar, o materialismo histórico como método de compreensão da realidade material concreta, é apresentada uma breve síntese do que foi a União Soviética sob a liderança do Homem de Aço. A partir dessas contribuições, expõe-se um apanhado geral do que se acredita serem as contribuições de Domenico Losurdo que foram apagadas por seus detratores sobre a hagiografia liberal e a centralidade do anticolonialismo na luta de classes.
O FANTASMA DA GEÓRGIA
Iosef Stalin nasceu na pobre vila de Gori, na Geórgia, em 1878, englobada pelo vasto Império Russo (KOTKIN, 2014). Desde cedo sendo submetido à opressão das autoridades, que estavam sob o domínio da autocracia real, o revolucionário logo cedo sentiu na pele a tentativa não só da supressão de sua classe, a trabalhadora, mas de seu próprio conceito nacional. O Império, buscando a russificação do povo, proibia até que a língua georgiana fosse falada, o que foi um dos pontos de partida para o despertar de consciência revolucionária do jovem Stalin (KOTKIN, 2014). Quando se apaga o que é a identificação de um povo, consequentemente, é suprimida qualquer possibilidade de movimento emancipatório. Envolvido nas tarefas revolucionárias desde cedo, teve de abandonar seu emprego no Observatório Meteorológico de Tíflis, capital do país, por conta da perseguição que sofria da polícia autocrática, a Okhranka. Na ilegalidade, foi preso inúmeras vezes e passou a maior parte do seu tempo em exílios, juntando-se a Lenin na criação da ala bolchevique do POSDR, que desde 1903 já travava um confronto com a ala moderada menchevique, defensora da conciliação com a burguesia para, enfim, uma posterior libertação do povo (KOTKIN, 2014).
Ademais, foi ativo durante a tomada do Palácio de Inverno em 1917, ajudando tanto Lenin quanto Trotsky durante os processos de tomada do poder, mesmo estando exilado internamente por mais de 12 anos. Período esse marcado por decisões difíceis, como a retirada total da Rússia da Primeira Guerra Mundial, no acordo de Brest-Litovsk, além do isolamento do país e ameaça externa advinda de outras potências contra a mudança de regime. Sendo um dos cinco membros do Politburo, participou dos conflitos civis (SERVICE, 2006).
Em 1918, temos um ponto de virada para a trajetória de Stalin, com a batalha de Tsaritsyn, considerada extremamente importante no setor de petróleo e grãos russos. Em julho, Koba assume uma posição de maior autonomia para o comando de ações militares do exército (SERVICE, 2006). Em 1920, de volta para a capital a pedido de Lenin, Iosef é nomeado comissário político para a Fronteira Sudoeste, participando das tomadas estratégicas, por exemplo, de decisão da expansão do Exército Vermelho para a Polônia (SERVICE, 2006). Em 1922, foi nomeado pelo Partido, com apoio de Lenin, Kamenev, entre outros, ao cargo de secretário-geral do Comitê Central para dirigir ações mais específicas.
Em 21 de janeiro de 1924, morre Lenin. Com a URSS cercada por mais de 14 países interessados na derrocada do regime bolchevique, transbordando os casos de conspirações internas, Stalin junto de outros líderes bolcheviques prioriza o fortalecimento e construção do socialismo dentro do próprio país, visando garantir a estabilidade da revolução. Pouco tempo depois, assumiria o cargo principal dentro do Partido, liderando junto com os outros membros do Comitê o país durante os grandes expurgos dos anos 30, incentivando a industrialização em massa e elevando a URSS ao nível de potência mundial.
Nos anos que antecedem a Segunda Guerra, Stalin implementa suas políticas justamente sob o contexto de acelerar o crescimento econômico, a fim não só de se mobilizar diante da ameaça externa do Terceiro Reich, mas também de resolver os conflitos de ordem interna e proteger o ordenamento político-social que lhe fora passado.
Estamos, pois, na presença de uma sociedade caracterizada não mais pela uniformidade e alinhamento totalitários, mas pela permanência e pela onipresença da guerra civil, que se manifesta até no âmbito das famílias, divididas em consequência da atitude oposta assumida por seus membros de relação. (LOSURDO, 2011, p. 175)
A preparação de fato para um possível confronto em larga escala já acontecia desde 1928. Stalin preparou a defesa da União Soviética criando mais de 9.000 indústrias entre 1928 e 1941, e tomando a decisão estratégica de implantar ao leste do país uma possante base industrial nova (JUKOV, 1970, apud MARTENS, 2003). A ação ainda foi exaltada pelo Marechal Jukov, herói de guerra do Exército Vermelho: “Era possível conciliar em cinco ou sete anos o desenvolvimento acelerado da indústria pesada, a fim de dar ao povo objetos de consumo corrente antes e em maior quantidade. Isso não era tentador?” (JUKOV, 1970, apud MARTENS, 2003, p. 271).
Após derrotar o Terceiro Reich alemão e vencer a Grande Guerra Patriótica em 1945, em uma demonstração encorajadora da luta proletária pela liberdade de viver sem seus grilhões, uma árdua tarefa aguardava Stalin. Era importante tanto a reconstrução interna da URSS quanto o estabelecimento de uma forte política de coalizão internacional, reorganizando fronteiras, discutindo territórios e, acima de tudo, estabilizando a direção nacional para a retomada do país se dar de maneira exitosa, evitando uma nova guerra civil em face de confrontos que já aconteciam mesmo durante o período da Guerra Patriótica (DAVIES; HARRIS, 2005).
Nesse sentido, Stalin, para a estabilização do país, decide restaurar o poder soviético dentro das fronteiras do Estado de 1940; reajustar essas fronteiras para adquirir fortes pontos estratégicos e eliminar uma potencial insurreição contrarrevolucionária; formar um cinturão de governos “parceiros” (democracias populares) ou regiões autônomas sob influência política e econômica soviética nos estados fronteiriços ao longo da periferia da URSS; incentivar e apoiar a participação de partidos comunistas locais em governos de coalizão fora dos territórios libertados pela União Soviética como garantia contra a influência do anticomunismo (DAVIES; HARRIS, 2005).
Suas decisões refletiam tanto sua experiência como um revolucionário de uma região etnicamente volátil na periferia imperial, em sintonia com as circunstâncias sempre em uma pujante mudança: a força dos partidos comunistas locais, a disposição das demais forças de fazer um acordo, as vantagens de prolongar a aliança de guerra para reconstruir a economia soviética, e, acima de tudo, para evitar o renascimento de uma potência alemã e japonesa em seus flancos sob os auspícios dos EUA (DAVIES; HARRIS, 2005). Esses cálculos ajudaram a moldar sua política, ora acertada, ora falha, de intervenção indireta.
Em março de 1953, em decorrência de um grave estado de saúde, Iosef morre em seus aposentos dentro da Datcha de Kuntsevo, sua residência pessoal. A partir deste período, se inicia uma série de disputas de poder pelo cargo de dirigente do país. Quem prevalece é Nikita Khrushchov, permanecendo no cargo até 1964 (SERVICE, 2006).
FALSAS EQUIVALÊNCIAS
Stalin foi um homem que, dentro da condição concreta de ação, não fugiu muito das características principais de qualquer chefe de Estado do século XX: pragmático, decisivo e firme. Norberto Bobbio, um expoente formalístico do liberalismo, tem por definição mínima de democracia burguesa “a possibilidade de eleições, onde os eleitores possam escolher entre alternativas reais” (SCAVO, 2014, p. 174). Na Rússia, essa concepção não existia. Dentro do escopo da conjuntura na qual Stalin está inserido, as condições históricas se mostram como uma fria disputa de força, principalmente dentro do Império Russo. não há como fazer um justo balanço do período sem levar isso em consideração. O molde do revisionismo à figura de Stalin se sustenta, principalmente, em uma equivalência moral a seus maiores inimigos, a fim de desqualificar não só a figura do ex-dirigente, mas o próprio embate de ideias que englobam a disputa do papel dos comunistas no ambiente político. Um dos principais, que visa abarcar todos os aspectos que os críticos usam para diminuir a figura do georgiano, é o de sua equivalência com Adolf Hitler, líder da colonial máquina de guerra do Terceiro Reich. Nesse meio, podemos achar os mais diversos tipos de acusação, devidamente falsas e construídas para, dentro de um senso de falsificação histórica, manipular a narrativa a seu bel prazer.
Um dos argumentos usados é o da equiparação dos objetivos de ambos os regimes. Aos mirantes dos acusadores, esse objetivo em comum era a dominação mundial a qualquer custo – escravizando povos, assassinando opositores e promovendo uma limpeza étnica e racial, em prol de uma ideologia. A partir desta equivalência, a aproximação moral dos líderes se dá formalmente, à exemplo das formulações de Hannah Arendt. De fato, esse objetivo tinha lastro material, mas de apenas um dos lados do conflito. O Terceiro Reich alemão buscava retomar uma perspectiva colonial de dominação, estabelecendo a raça branca como a única passível de poder, subjugando os grupos étnicos inferiores ao seu olhar e visando a retomada da posição elevada ariana como dominante (LOSURDO, 2017c). Para isso, Hitler se inspirou no processo de colonização da América onde, segundo ele, foi erguido o estandarte do “absoluto, inato sentimento senhorial da raça branca”, e que o bolchevismo representava uma grande ameaça ao processo de retomada do poder colonizador, gerando uma “confusão do pensamento branco europeu”, que deveria ser combatida com “a convicção da superioridade e, assim, do direito [superior] da raça branca” devendo recorrer à “mais brutal falta de escrúpulos” (HITLER, apud LOSURDO, 2017c).
A guerra desencadeada por Hitler na Europa oriental representa a forma nova e ainda mais brutal do tráfico de escravos. Capturados e saqueados em massa, os Untermenschen eslavos (os que sobreviveram à germanização do território) são obrigados a morrer de excesso de trabalho, a fim de tornar possível a civilização da raça dos senhores e alimentar a sua máquina de guerra. (LOSURDO, 2011, p. 166)
Na União Soviética, o objetivo era justamente o contrário: o do fortalecimento da luta anticolonial para a autodeterminação dos povos. Este objetivo já havia sido traçado por Lênin em 1917, após a Revolução de Outubro, mas ganha ainda mais força com Stalin. O dirigente soviético sublinhava que o socialismo comporta o desenvolvimento e desdobramento ulterior das peculiaridades nacionais de um povo, reafirmando que toda “política de assimilação” deveria ser tachada como “inimiga do povo” e “contra revolucionária” (STALIN, apud LOSURDO, 2017c), já que ignorava o poder de estabilidade das nações, indiretamente forjando uma guerra contra as cultura nacionais e se transformando em uma política de cunho colonial.
É para sempre necessário distinguir o papel da ideologia do papel das condições objetivas (…) com respeito a análises tão complexas são mais fáceis o dedutivismo que faz provir tudo da ideologia e a assimilação dos universos concentracionários produzidos pelas duas ideologias “totalitárias”. (LOSURDO, 2011, p. 162-163)
Apesar de facilmente desmentido um dos aspectos que orbitam em torno do formalismo totalitário – aqui podemos incluir outras falsas aproximações como, por exemplo, a utilização do sistema Gulag como campos de concentração; Holodomor como genocídio etnicamente arquitetado e assassinato impensado de opositores – os falsificadores dos processos históricos ainda tentam culpabilizar Stalin pelo estopim da Segunda Guerra Mundial, explicitando a “aliança secreta” do Georgiano com Hitler, no pacto Molotov-Ribbentrop, em 1939. O pacto, em realidade, foi crucial para tomada de tempo do Estado soviético que, com mudanças táticas e estratégicas, conseguiu se preparar melhor para a invasão nazista, que já figurava no horizonte geopolítico, pretendido desde a escrita do Mein Kampf, publicado nos anos 20, onde Hitler já deixava claro seu desprezo pela URSS por ser uma Rússia governada por judeus (Russland unter Judenherrschaft). Apesar do acordo garantir a não-agressão entre os países, Hitler, em conversas anteriores, já afirmara:
Tudo que empreendo é voltado para a Rússia. Se o Ocidente é demasiado estúpido e cego para entender isto, serei obrigado a chegar a um entendimento com os russos e a derrotar depois o ocidente, de modo que após a sua derrota eu possa voltar-me contra União Soviética com todas as forças por mim reunidas. (NOLTE, 1987, apud LOSURDO, 2011, p. 193)
Stalin, ciente de que existia uma inevitabilidade do choque entre a URSS e a Alemanha, também já dizia: “seremos poupados da guerra por um pouco mais de tempo” (MONTEFIORE, 2007, apud LOSURDO, 2011, p. 193). Toda a situação muda em 22 de junho de 1941, quando as forças de Hitler atacam a União Soviética. É errado, porém, assumir que, ingenuamente, o líder havia sido enganado pelas manobras alemãs. Hitler já atenta cautelosamente os direcionamentos soviéticos, apontando, em novembro de 1939, que “Stalin é cauteloso, tem bem presentes as relações de força” e que “não perde vista nem sequer a meteorologia”, revelando-se mais confiante do que costume nos meses de inverno, “quando se sente mais protegido da formidável máquina de guerra do III Reich”. (HITLER, 2007, apud LOSURDO, 2011, p. 193).
Após a Operação Barbarossa, Goebbels anota em seu diário que, com o descumprimento do tratado “foi apagada a mancha em nossa honra” (GOEBBELS, 1992, apud LOSURDO, 2011, p. 195). Hitler também escreve a Mussolini, dizendo que se sentia em paz consigo mesmo, e que as angústias e sensações de desautorização de suas origens, pensamentos e compromissos por ele assumidos haviam desaparecido com a quebra do pacto de não-agressão (LOSURDO, 2011). O Führer cita pensadores e repete que finalmente chegou “ao embate que há quase duas décadas constituía um elemento central de seu pensamento” (KERSHAW, 2010). Stalin, por fim, reafirmando seu distanciamento ideológico da máquina de guerra colonizadora, comenta:
É preciso estar militarmente à altura dos “nossos inimigos” (e inimigos nossos são todos os Estados capitalistas, também aqueles que se apresentam como nossos amigos!). As nossas relações com os alemães são aparentemente marcadas pela cortesia, mas entre nós há muitos atritos (…) O exército alemão é invencível? Não. Não é invencível (…). Agora a Alemanha prossegue a guerra em nome da escravização, da subjugação de outros povos, em nome da hegemonia. Esta é uma grande desvantagem de seu exército. (DIMITROV, 2002, apud LOSURDO, 2011, p. 194-195).
O que vemos dentro das disputas sobre a reconstrução de quem foi o georgiano, não passam de construções formais, abstraídas da materialidade histórica. Condições essas, suscetíveis não só a manipulação da história para uma reafirmação ideológica, mas à própria volatilidade da construção histórica em si. Qualquer idealismo que repouse sobre a figura de Stalin é maléfica e deve continuar sendo considerada como empecilho para a real assimilação e compreensão do período. Sua elevação ao patamar messiânico era criticada, inclusive, pelo próprio revolucionário:
Em 1933, ele escreveu à Sociedade dos Velhos Bolcheviques para protestar contra o lançamento de vários projetos dedicados à sua carreira: “Eu sou contra eles, pois tais empreendimentos levarão a um fortalecimento do” culto às personalidades “, o que é perigoso e incompatível com o espírito do nosso Partido. Dois anos depois, ele não gostou de uma foto sua liderando a famosa manifestação de Batum de 1902 em um rascunho de livro sobre a história do Partido de Iaroslavskii, Knorin e Pospelov, rabiscando na margem: “? não existiu tal coisa.” (RGASPI, 1953, apud DAVIES; HARRIES, 2005, p. 261)
Por outro lado, a explicitação do acerto e coerência em muitas das ações do revolucionário, que foram benéficas para a classe trabalhadora, devem sim ser utilizadas para analisar a realidade concreta. Não se trata, portanto, de uma ideal, idólatra e acrítica “reabilitação de Stalin”, como propagandeado pela histeria liberal, mas de um balanço crítico para que, dentro do seu escopo de ações, se aproveite o que é benéfico.
Nessa tentativa, acabou recaindo sobre os ombros do italiano Domenico Losurdo, em seu Stálin: história crítica de uma lenda negra, a acusação de reabilitação. Na obra, o historiador busca realizar o balanço que fuja de um antiestalinismo dogmático e, consequentemente, um revisionismo anticomunista. Losurdo, na contramão do senso comum ideológico, propõe um balanço sério do período de Stalin no poder, com seus erros, crimes, mas também com seus acertos e suas vitórias fundamentais, que garantiram o mínimo de emancipação para as classes trabalhadoras do mundo todo. Rejeitando uma perspectiva baseada no moralismo, o italiano busca, dentro da discussão, evitar que seja a condenação moral que paute o debate em questão, trazendo fundamentalmente o materialismo histórico como combate à narrativa liberal do tema.
O MATERIALISMO DE LOSURDO CONTRA A HAGIOGRAFIA LIBERAL
Defensor do materialismo histórico, em Stálin: história crítica de uma lenda negra, Domenico Losurdo repropõe um balanço histórico adequado do que foi não o vilão, tampouco o mito, mas o homem Stalin à luz da real historicidade de sua realidade. O que fez o italiano com a figura de Stalin, assim como o fez com Gramsci (LOSURDO, 2011) ou com Nietzsche (LOSURDO, 2009) está longe de ser “justificacionismo”, como apontam seus acusadores. O filósofo, em seu Cristóvão Colombo e a Revolução de Outubro: materialismo histórico e análise das revoluções, explica que:
O justificacionismo é a dedução mecânica e sem resíduos de um comportamento político, a partir de um determinado contexto histórico (contradições objetivas e brutalidade do adversário), é a negação do momento da escolha entre possíveis alternativas e, portanto, da responsabilidade subjetiva. (LOSURDO, 2020, p. 103)
Marx ao tratar do período jacobino da Revolução Francesa, esclarece o quadro histórico concreto do Terror Jacobino, não de forma a ter a consciência de seus protagonistas como ponto de partida, mas de investigar as contradições objetivas e as características reais do continente político-social iluminado por suas transformações, abordando, por exemplo, a Vendeia e a intervenção de exércitos contrarrevolucionários, mas também evidencia de forma crítica o excedente de violência com relação a essa situação objetiva, levando em consideração todas as debilidades que a ideologia jacobina trazia consigo, sem jamais cair no vício de psicologizar um fenômeno complexo sob a forma de uma “loucura” de Robespierre ou Saint-Just, como se fossem feras sanguinárias (LOSURDO, 2020). De mesma forma procede Losurdo em relação a Stalin, evitando a todo custo aquelas análises rasas que consideram fenômenos complexos e multideterminados como se fossem simples “delírios” psicopatológicos de seus dirigentes, à exemplo do que faz Hannah Arendt em relação aos “totalitarismos” (LOSURDO, 2018).
Lembra Losurdo que Engels já falava contra as análises que encarnassem na figura de seus profetas um líder que venha a redimir a humanidade de qualquer tipo de erro ou contradição, e que se há erro ou contradição, seria por falha dos processos históricos de seguir corretamente o que enuncia esse profeta (LOSURDO, 2020). Essas análises pertencem ao socialismo utópico e Marx não é um profeta ou dono de verdade sapiencial intangível. Se há erro ou há contradição na União Soviética de Stalin é porque esta se trata de um processo inserido na realidade, não porque se afasta de Marx:
A utopia enfática e tornada abstrata (a espera messiânica do dissipar-se do Estado, das identidades nacionais e da moeda) acaba por transfigurar em antecipação do futuro pós-capitalista fenômenos (ausência de um preciso quadro constitucional, opressão nacional, insuficiente desenvolvimento do mercado nacional) que são, ao revés, expressões da persistência do antigo regime. (LOSURDO, 2004, p. 118)
Nos próprios termos de Marx, deve haver uma íntima relação entre a teoria revolucionária e a prática revolucionária (MARX, 2013), de forma que o utopismo quando aplicado à práxis apenas regrediu o quadro geral das pretensões a que se alçava alcançar o processo revolucionário. Para não cair em vícios de análise, não se deve esquecer jamais que é própria da revolução a defasagem entre os programas e os resultados. Era programa dos jacobinos a restauração da pólis grega, bem com era, aos puritanos ingleses, o ressurgimento da sociedade bíblica (LOSURDO, 2020). Nenhum deles foi alcançado. Voltando às análises de Marx do processo revolucionário francês, é claro nestes escritos “a defasagem entre projeto subjetivo e resultado objetivo, explicando finalmente as razões do constituir-se, e do necessário constituir-se, de tal defasagem.” (LOSURDO, 2020, p. 85)
O que faz Domenico Losurdo não é de forma alguma justificacionismo ou mitificação sobre a período de Stalin, ou sobre qualquer outro período que o historiador tenha escrito. Walter Benjamin, em seu clássico Teses sobre o conceito de história, apresenta, nesse sentido, uma necessária contribuição. O alemão acerta ao rememorar que a historiografia dominante é também parte da ideologia, e como tal, está condicionada aos ditames da narrativa da classe dominante (BENJAMIN, 1987). O que faz Losurdo é escovar a história a contrapelo, retomar a história como foi, à serviço das classes subjugadas, derrotadas, e não como é proferida pelo lado vencedor. Também Frantz Fanon partilha desse mesmo ideal. Para o martinicano, em seu incontornável Condenados da Terra, era papel do intelectual colonizado resgatar seu passado, não para firmar uma coerência da história do seu povo, mas para inspirá-lo (FANON, 1979). É possível dizer que Losurdo cumpre um papel de intelectual dos Condenados da Terra ao usar do materialismo histórico como arma a serviço dos dominados, negando qualquer participação no cortejo triunfal dos dominadores.
Em sua árdua tarefa, reconstruindo os processos históricos contra o revisionismo burguês e a narrativa que oculta ou adultera a luta e a organização do povo contra seus dominadores no decorrer de sua própria história que Domenico Losurdo desenvolve a principal contribuição de sua obra à classe trabalhadora de toda a periferia do capitalismo. A denúncia à hagiografia liberal revela um duplo padrão pelo qual o liberalismo opera sua ideologia, que exalta a si próprio pelas gloriosas vitórias situadas em seu espaço sagrado, ao passo que varre da história seus horrores escondidos em seu espaço profano. Apresenta o autor uma conceituação inicial:
A historiografia propende a se dissolver na hagiografia. Recorro a esse termo, atribuindo-lhe um significado técnico: trata-se de um discurso todo centrado sobre o que para a comunidade dos livres é o restrito espaço sagrado. É suficiente introduzir mesmo sumariamente na análise o espaço profano (os escravos das colônias e os servos da metrópole), para dar-se conta do caráter inadequado e desviante das categorias (absoluta prevalência da liberdade individual, anti-estatismo, individualismo) normalmente utilizadas para delinear a história do Ocidente liberal. (LOSURDO, 2006, p. 313)
É por meio da hagiografia liberal que o liberalismo busca manter fora de qualquer discussão ou análise crítica a barbárie perpetrada por séculos pelos seus ideólogos e protagonistas, sendo ele próprio o autor de sua biografia. À luz de sua própria narrativa, o liberalismo se afirmou como a legítima ideologia de luta pelas liberdades formais das mulheres, dos não-brancos, dos povos colonizados e trabalhadores no geral, enquanto, na realidade, foi em nome do liberalismo que se defendeu uma Herrenwolk democracy (democracia para o povo de senhores), como denomina Domenico Losurdo (2017b), que concede a tão almejada liberdade individual para um grupo seleto – homens brancos e detentores da propriedade privada – enquanto uma ampla parcela da sociedade fica de fora dessa democracia e de suas liberdades formais (LOSURDO, 2006).
Quando desloca o debate sobre a obra losurdiana para a patética acusação de stalinista, o liberalismo atua conforme seu regular modus operandi, que tem por objetivo desviar-se do seu espaço profano, de sua própria criação. O colonialismo é jogado à escanteio pelos liberais por ser prova factual de que, longe de ser uma doutrina das liberdades, o liberalismo foi e continua sendo a ideologia da colonização. Sobre o pai do liberalismo, Locke:
Quando, depois, tenta impedir a marcha da civilização, opondo-se com a violência à transformação mediante o trabalho das terras incultas por ele ocupadas, o índio, juntamente com todo o criminal, é bem assimilável a “bestas selvagens com as quais o homem não pode viver em sociedade ou segurança” e, portanto, “poderá ser destruído como um leão ou um tigre”. Locke não cansa de insistir sobre o direito que cada homem tem de aniquilar os que são reduzidos ao nível de “bestas de caça” (Beasts of Prey) (LOSURDO, 2006, p. 36)
Já na obra de Montesquieu, a escravidão natural, servitude naturelle, deveria limitar-se a um número particular de países, determinados pela razão natural, raison naturelle, da escravidão (LOSURDO, 2006). Categoricamente, o que Montesquieu propõe aqui não chega nem a ser uma condenação da escravidão em termos, mas que essa se mantenha nas colônias, longe da metrópole, civilizada. O liberalismo não concedeu a liberdade para os povos subjugados e desumanizados pela máquina colonial; pelo contrário, ele é potencializador da escravidão introjetada na dinâmica mundial de acumulação:
A escravidão não é algo que permaneça não obstante o sucesso das três revoluções liberais; ao contrário, ela conhece o seu máximo desenvolvimento em virtude desse sucesso: “o total da população escrava nas Américas somava aproximadamente 330.000 no ano de 1700, chegou a quase três milhões no ano de 1800, até alcançar o pico de mais de 6 milhões nos anos 50 do séc. XIX”. O que contribui de forma decisiva para o crescimento desse instituto sinônimo do poder absoluto do homem sobre o homem é o mundo liberal. Na metade do séc. XVIII a Grã Bretanha é a que possui o maior número de escravos (878.000). (LOSURDO, 2006, p. 47)
Agora, torna-se claro que tanto os ideólogos quanto os protagonistas do liberalismo tem responsabilidade subjetiva no horror colonial, e nega-la seria justificacionismo. Losurdo relembra que “em trinta e dois anos dos primeiros trinta e seis de vida dos Estados Unidos, quem ocupa o cargo de Presidente são os proprietários de escravos provenientes da Virgínia” (LOSURDO, 2006, p. 24), e que dos Founding Fathers dos EUA, nação fundada sobre a pedra da escravidão, Washington, Madison e Jefferson foram proprietários de escravos, além de que as desumanas deportações de povos originários promovidas pelos EUA de Andrew Jackson foram muito elogiadas pelo teórico liberal Alexis de Tocqueville (LOSURDO, 2006). A partir disso, Losurdo inviabiliza o argumento de que as experiências liberais falhariam por falta de liberalismo. O completo fracasso do liberalismo em oferecer liberdade aos povos colonizados e superar o colonialismo e o racismo não era devido a uma má aplicação da teoria, como expõe Losurdo. John Locke, por exemplo, era acionista da Royal African Company, sociedade que gerenciava o tráfico de escravizados negros (LOSURDO, 2006). Tal fracasso não vem da insuficiência da prática em aplicar a teoria; o recurso ao profeta que redime a humanidade de erros ou contradições não pode ser utilizado se esses erros e contradições foram amplamente enunciados pelos profetas liberais.
Se hoje a defesa deliberada do racismo e do colonialismo são mal vistas, isso é uma conquista dos comunistas e dos movimentos anticoloniais. Diante desse panorama, os liberais se colocam em uma posição contraditória, pois devem repudiar algo que está intrínseco à sua teoria desde o início. Eis o papel da ideologia. Assim como a Revolução de Outubro, a Revolução Francesa tem em suas pautas um substrato de anticolonialismo ao tomar rumos de uma revolução abolicionista com o decreto da Convenção jacobina que finda a escravidão nas colônias francesas (LOSURDO, 2017a).
O período de 1789 a 1917, portanto, é paradigmático como era revolucionária na qual o anticolonialismo era pauta, e é esse o período alvo do revisionismo histórico. Se o liberalismo, agora revestido de um antirracismo aparente e mercadológico, não pode se desvencilhar da ideologia imperial e colonial, resta à ideologia o papel de neutralizar qualquer tipo de conquista dos Condenados da Terra, mesmo aquelas que já ocorreram no passado. “Assim, define-se com precisão o alvo principal do revisionismo histórico – a saber, todo o ciclo histórico que tem início em 1789 e culmina em 1917” (LOSURDO, 2017a, p. 14). A burguesia arranca dos povos oprimidos até o direito ao seu próprio passado, e certamente Stalin é parte disso.
Lastreando-se em uma noção de terror em abstrato, isolado das condicionantes materiais concretas, principalmente o seu caráter anticolonial, o revisionismo histórico demoniza dois processos históricos como momentos de simples terror autoritário de duas ideologias sanguinárias – o jacobinismo e o bolchevismo – o primeiro pela abolição do trabalho escravo nas colônias (LOSURDO, 2006), e o segundo pelo chamado de Lenin aos povos oprimidos, em contraposição ao que entendia a 2ª Internacional, para que se libertassem (PRASHAD, 2020).
Por meio do recalque da dimensão colonial dos processos históricos, o revisionismo histórico operou e opera um robusto esforço em deslegitimar esses processos como simples fracassos causados pelo autoritarismo, apelando para os mais diversos recursos para isso. Robert Conquest, por exemplo, afirma que a catástrofe do século XX tem seu início no Manifesto do Partido Comunista, cujas ideias “causaram notáveis problemas em todo o mundo por bem cinco gerações” (CONQUEST, 2001, apud LOSURDO, 2011, p. 321). Faz-se imperioso lembrar também da cooptação pela CIA de intelectuais orgânicos como George Orwell e Hannah Arendt para a produção cultural de obras revisionista e anticomunista durante a Guerra Fria, amplamente exposta por Frances Stonor Saunders (2008) em seu Quem Pagou a Conta?: A CIA na Guerra Fria da Cultura.
Quanto à Hannah Arendt, autora de grande popularidade atualmente, inclusive em setores ditos de esquerda, em Sobre a Revolução, a demonização do período revolucionário entre 1789 e 1917 vem contraposta à celebração da Revolução Americana, em uma dicotomia “revolução ruim”/ “revolução boa” que faz pouco sentido concreto. Diz Losurdo sobre a obra:
(…) à celebração da Revolução Americana, corresponde a condenação inapelável da Revolução Francesa, agora vista como a primeira etapa do desastroso processo que conduz à Revolução de Outubro e às revoluções do Terceiro Mundo, e que ameaça as próprias bases da “civilização ocidental”. (…) em Sobre a Revolução Arendt afirma que “a liberdade foi mais bem conservada nos países onde não houve qualquer revolução” (na esteira ou seguindo o exemplo da francesa) ou onde ela foi derrotada. (LOSURDO, 2017a, p. 25)
Assumindo posição conservadora, Arendt afirma que é a revolução liderada por colonos escravocratas em busca da expansão de seu domínio escravista que simboliza a causa da liberdade, em contraposição às que pautaram de fato o combate ao colonialismo, essas simbolizam o terror, a necessidade. Ao invés de condenar o colonialismo, são suas vítimas que Arendt coloca no banco dos réus (LOSURDO, 2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
À luz das contribuições da obra de Domenico Losurdo aqui trazidas, se verifica, em consonância com o que diziam Marx e Engels sobre as ideias da classe dominante serem as ideias dominantes em uma sociedade (MARX; ENGELS, 2007), que a narrativa liberal sequestra para si a história dos povos dominados, e que isso reflete inclusive no balanço histórico do movimento comunista. É tarefa dos comunistas denunciar os espaços profanos da hagiografia liberal e suas manobras, de forma que seja resgatado um histórico dos povos e das lutas fiel a sua materialidade e que sirva necessariamente à prática revolucionária.
Esse balanço histórico do movimento deve passar, necessariamente, pela imagem de Iosef Stalin. Manter a demonização acrítica ao georgiano em nossas fileiras é abrir as portas para que o liberalismo dite os termos não apenas de sua própria história como a de seus inimigos, os comunistas. Nas palavras de Amílcar Cabral (2019, p. 125), “se é verdade que uma revolução pode falhar, mesmo que seja nutrida por teorias perfeitamente concebidas, ainda ninguém praticou vitoriosamente uma Revolução sem teoria revolucionária”. Avancemos.
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