Por Natália Szermeta, militante do MTST. Publicado originalmente na página do movimento.
Ao observar as mobilizações e ocupações fica nítido a esmagadora maioria de mulheres, os mais atentos observam também que são elas que se destacam na organizam e condução das marchas e do dia-a-dia do acampamento. As mulheres são protagonistas na luta pela moradia, são ousadas e defendem a conquista como leoas, nos enfrentamentos lá estão elas na linha de frente prontas para defender o sonho de seus filhos e combater a injustiça!
O MTST é então livre da praga do machismo? Não. O MTST não só não é livre desta praga como a reproduz! Reproduz? Ora, apenas um ser que vive em uma bolha acadêmica, seria capaz de acreditar que é possível não reproduzir a ideologia dominante em algum espaço da sociedade, o primeiro passo para combater o machismo é assumi-lo!
Somos um movimento presente na periferia e é exatamente na periferia que a barbárie é mais visível, que o machismo é o mais cruel, o ambiente periférico é favorável para as mazelas, todas as perversidades afloram e são justificadas pelo senso comum. São nas favelas, nas comunidades pobres que vivem as mulheres vitimas da violência domestica, lá também concentram as mulheres vitimas da criminalização do aborto, vitimas da precariedade do trabalho, da sociedade sexista. E é também na periferia que se condena o discurso fervoroso do feminismo, condenado inclusive pelas mulheres oprimidas! Ou nós mulheres da periferia somos completamente alienadas ou o discurso feminista não faz sentido nenhum para a realidade opressora!
Não somos no MTST adeptos ao feminismo burguês, aquele que cai sempre na lógica de guerra ao sexo, aquele de cartilha, que tem sempre a frente uma mulher branca, que não é violentada pelo marido, que não é obrigada a abortar com agulha de crochê, que não tem 5 filhos e tripla jornada! O feminismo burguês atrapalha o debate, ele não considera a realidade das mulheres, ele condena o homem e não a opressão, ele não dialoga mas impõe! O feminismo elitizado aponta o dedo na ferida, achando que esta sendo revolucionário por ser impecável em seu argumento, não observa que nada faz na prática a não ser afastar as mulheres!
As mulheres do MTST são o retrato falado da opressão, carregam as marcas escancaradas de um cotidiano maldito, explorador, amargo e de maneira singela combatem no fronte, tomam pra si a luta, direcionam seu ódio na classe opressora, detestam madames que dançam funk nas casas de show mais caras de São Paulo e exibem seus corpos modelados pelo cirurgião, detestam suas patroas que as exploram como empregadas domésticas, odeiam policiais femininas que lhes submetem a violência vexatória e as carcereiras que as fazem agachar 3 vezes nas visitas íntimas do presidio, não se deixam levar por uma governante que favorece a elite! Amam poemas, amam seus maridos e filhos, amam as ocupações, sorriem na luta, orgulhosas estufam o peito não para dizer apenas: João, faça seu feijão! Mas para clamar: Criar, Criar, Poder Popular!
2 comentários em “Mulher bonita é mulher que luta!”
Eu sou guerreira, sou de luta, sou trabalhadora e sou mãe, tenho direitos a moradia, saúde, educação e dignidade social, sou de onde sou da rua!
o/ muito bem camarada! Viva a luta da mulher trabalhadora!